Não
podemos deixar de nos valorizar, de nos amar, de praticar o “bem-me-quero”, o sou feliz porque eu
posso, mereço, porque sou grato, saudável e tenho muitas qualidades.
Talvez
a felicidade seja um estado de espírito, ou esteja presente enquanto procuramos
por ela, quem sabe se encontre dentro de cada um. Fato é que ser feliz, a
muitos, parece uma tarefa inglória, uma utopia, o impossível, o inalcançável.
Ninguém é feliz o tempo todo – isso, sim, é utopia -, mas nunca se sentir bem
ou satisfeito soa a uma patologia.
A
vida é uma gangorra emocional, cheia de surpresas, tanto alegres quanto
avassaladoras, porém, olhando bem, todo mundo pode ter a chance de passar por
momentos alegres e especiais, por mais breves e ínfimos que sejam. Saciando a
fome, sendo elogiado, terminando uma tarefa, saindo com amigos, ser visto com
ternura, existem motivos que possam nos trazer algum alento reconfortante,
mesmo quando a vida insiste em dizer não.
Alguns
de nós, inclusive, teimamos em afastar qualquer possibilidade de nos sentirmos
bem, como se estar contente não fosse algo a que temos direito. Basta nos
sentirmos alegres e felizes, para começarmos a pensar que aquilo não pode estar
acontecendo de verdade, que certamente algo ocorrerá e levará aquilo embora.
Quanto medo de ser feliz, quanta resistência em abraçar tudo o que vem para
deixar a vida mais doce e sossegada...
Parece
que temos uma carga de culpa tão densa dentro de nós, que não concordamos com a
ideia de que a felicidade pode fazer parte de nossa jornada. Amargamos de tal
forma os erros que nos levaram até aqui, que enterramos no esquecimento o bem
que já pudemos estender a outras vidas, anulando em nós qualquer merecimento de
alguma coisa além de sofrimento. Sentimo-nos, assim, na obrigação de sermos
punidos, sem parada, pela vida – isso é autoestima machucada, devastada,
alquebrada.
Não
fujamos, portanto, ao senso comum e passemos a nos valorizar, a nos amar, a
praticar o “bem-me-quero”, o sou feliz
porque eu posso, mereço, porque sou grato, saudável e tenho muitas qualidades.
Sou feliz porque sim. As tempestades virão, mas nada poderá nos impedir de
continuar acreditando, remando, nadando e seguindo em frente, trilhando o nosso
caminho, vivendo as nossas verdades, sorrindo quando a vida assim nos pedir.
Temos
que enxergar os nossos defeitos e assumir os nossos erros, sim, mas isso jamais
poderá diminuir nossas chances de manter a esperança de uma vida melhor junto a
quem vale a pena, onde os ares ventem sempre em nosso favor. Não podemos é
desistir, simplesmente porque desistir de sorrir é como desistir de viver.