Ela era perfeita para a vaga, mas foi dispensada por ser mãe de duas crianças.



Sonia Tomiyoshi ficou meses no processo seletivo e chegou a ser a única finalista.
Sonia Cristina Tomiyoshi era a candidata perfeita para uma vaga de alto escalão de uma empresa. Ela tinha conhecimento na área, desempenhava funções semelhantes há anos, é pós-graduada e foi considerada ‘única candidata finalista’ para a vaga pela a qual concorreu por meses. Mas tudo isso não foi páreo para algo que ela não imaginaria ser decisivo: ela era mãe.
“Eles (os recrutadores) me disseram que não tinham dúvida em relação ao meu desempenho profissional, que eu tinha conhecimento técnico, mas pelo fato de ser mãe, eles me desqualificaram para a vaga”, disse a profissional ao HuffPost Brasil. “Por ser mãe, eles acharam que eu não teria tempo o bastante, ou que eu não me dedicaria ao trabalho”.

Tomiyoshi participou de um processo seletivo para uma vaga de Gerente Financeiro e de Controladoria. Por dois meses, ela passou por entrevistas, testes e entrega de relatórios e, desde o começo, ela havia avisado que tinha dois filhos pequenos (Lucas, de cinco anos, e Maria Lara, de oito meses). “Na primeira entrevista, a recrutadora anotou isso, mas não dei muita importância no início”, disse.
Depois de passar por todas as etapas, ela foi avisada que era a única candidata finalista, mas a pedido da diretoria, a recrutadora iria buscar mais candidatos antes de dar o resultado. Um mês se passou e Tomiyoshi pediu feedback para o recrutamento, que afirmava ainda estar em processo de seleção de outros candidatos.
Pouco tempo depois, a profissional recebeu a resposta da recrutadora, dizendo que ela foi desqualificada pela empresa porque a diretoria acreditava que ela não conseguiria se dedicar ao trabalho por ter dois filhos pequenos.
“Eu disse a eles que eu tinha uma estrutura familiar, que eu sou organizada e tenho uma babá que me ajuda a cuidar dos meus filhos”, desabafou.
“Nesses últimos sete anos eu fui gerente financeiro e de controladoria. Eu não estava me aventurando nesta vaga, eu me qualifiquei para isso, fiz pós-graduação. Não sou melhor que ninguém, mas sei que era capaz para desempenhar aquela função. Não acho que essa seja a resposta tolerável, é uma triste realidade que muitas mães sofrem caladas”.
Ao saber que não seria contratada por ser mãe, Sonia Tomiyoshi fez uma postagem de desabafo em um grupo de mães no Facebook. Ele acabou se tornando viral e a executiva afirma que recebeu muito apoio de outras mães que já passaram por isso. Veja abaixo o post:
“É cada coisa que somos obrigadas a ouvir: Estava eu participando de um processo seletivo para Gerente Financeiro e de Controladoria, super animada por ter sido aprovada em todas as fases do processo, que já durava 2 meses. No último feedback a headhunter me informou que era candidata finalista porque a diretora havia gostado bastante e que havia pedido mais candidatos, pq entrevistou vários e não havia gostado dos perfis, então queria alguém mais próximo do meu perfil para entrevistar. Ontem me ligaram e me informaram que haviam aprovado outro candidato, pq acharam que pelo fato de eu ser mãe de dois filhos pequenos não conseguiria me dedicar tanto. Gente confesso que fiquei mt mt mt triste. Mas acho que nós por sermos mães, somos até mais dedicadas no trabalho, eu sempre fui excessivamente, pq trabalhamos para dar o melhor para nossa família e fazemos isto pelo amor que temos a eles, então damos o nosso melhor. Portanto mamães queridas, se alguma mãe que trabalhe com RH conseguir me ajudar, fico extremamente grata. Sou Gerente Financeiro e Controladoria. Muito Obrigada e desculpa o desabafo”.
Mesmo que qualquer discriminação seja proibida pela Constituição, a executiva afirma que não vai processar a empresa. “Eu não tinha ideia que o post iria criar toda essa polêmica, mas meu objetivo era mostrar isso para todo mundo e esperar que isso não volte a acontecer com outras mães. Precisamos falar sobre isso”.

Via: Huff Post