Boas ações não precisam ser via de mão dupla.



Quantas decepções já não surgiram porque esta via se tornou de mão única, quando se esperava duplicidade?
Quantas pessoas se doaram, esperando o favor que lhes retornaria, e quando não viram retorno, desabaram em frustração?
Para esses casos existe um conselho: nunca faça nada esperando o reconhecimento de alguém. Não espere paga nenhuma. Faça, simplesmente. Das duas uma: ou você vai receber gratidão ou terá aprendido uma lição valiosa.

Quando se planta uma árvore, cria-se sempre uma expectativa. Poderão vir flores, frutos ou até uma sombra confortável, dependendo do que se plantou. Porém, a primeira e verdadeira recompensa você já precisa ter percebido: ver as folhas crescendo verdes e saudáveis, enfrentando a chuva, o sol e o vento, já proporcionaram a alegria de vê-las crescer. A recompensa já chegou.
Neste mesmo sentido, quando você resolve ajudar alguém, a felicidade de ver sua própria mão estendida, plantando afeto e consideração deve ser sua maior recompensa. Jamais espere nada além disso. É até injusto. Se você planeja receber algo em troca, estará vendendo seus favores, e isso faz com que eles percam a essência.
Tenha sempre o coração aberto para as necessidades dos outros. Mas deixe as suas bem guardadas no seu íntimo. Faça o que puder pelos outros. Esforce-se o quanto puder. Seja generoso, ofereça o que tem de melhor, com carinho, delicadeza e palavras sutis. Ofereça seu ombro, o braço para atravessar a rua, seu remédio para dor de cabeça, um copo d’água. Divida seu pão e o guarda-chuva. Não aja com mesquinharia nem reservas irracionais.
E jamais maldiga quem não lhe agradeceu. Nem quem não pôde retribuir o favor que recebeu de você. Sua recompensa já veio, em forma de consciência tranquila. Mas saiba que o mundo gira e dia ou outro alguém vai te estender a mão, te dar uma carona, emprestar um casaco. E nessa hora, você vai se lembrar de que fazer o bem vale à pena. E mesmo que demore, ele sempre volta para lhe sorrir.
Não tenha pressa nem cobre de ninguém. Não esfregue na face alheia o bem mal retribuído. Não foi para isso que as boas ações foram criadas. Nem as boas intenções. Elas não gostam de comércio. Quando tiver aprendido a fugir das gentilezas com datas previstas para retribuição, você terá alcançado sucesso. Todos saberão das qualidades que você possui e te porão em alta conta por isso. Não existe maior recompensa que essa. Dito isto, não é demais repetir: quem semeia generosidade sem pressa de colheita, mais cedo ou mais tarde verá seus cestos cheios de gratidão.

Alessandra Piassarollo