Cuidado,
a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é
preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que
cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do
dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo.
A
segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa
o essencial de lado. O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade,
fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade,
liberdade, felicidade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda
a chegar ao essencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada.
Uma
escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para
ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem
problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é
fundamental. O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz
com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de
transbordar. Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a
fraternidade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso,
ter coragem. Coragem não é a ausência de medo.
Coragem
é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de
proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem
dor, ficamos muito vulneráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É
preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos
ter esperança.
E,
como dizia o grande Paulo Freire, “tem de
ser esperança do verbo esperançar”. Tem gente que tem esperança do verbo
esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que
resolva, espero que funcione”. Isso não é esperança. Esperançar é ir atrás,
é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito
curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao
importante em vez de ao urgente. Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade,
de escolha.
Quando
eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante
para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver,
ele arruma um tempo. O médico dizia “você
não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele enfartar e
sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele
tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você
tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.
Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que
não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial? E assim,
contribuir com meu verso!
Mario
Sergio Cortella