Não
vale a pena jogar fora uma história por causa de traição.
Traí,
já fui traída e não recomendo.
Em
nossa vida de fé, quando se fala em traição, logo pensamos em Judas Iscariotes
entregando Jesus. Mas será que nós estamos preparados para ser fiéis a quem
está do nosso lado?
Na
minha adolescência, para lá de uma década atrás, numa festa, beijei um moço que
acabara de conhecer. Eu namorava firme, era moça de fino trato, de grupo de
oração e tudo mais, mas escutei uma voz que soprava e dizia: “Vai, boba, ninguém vai saber”. Eu fui.
Dei uns beijinhos num cara muito bem recomendado por uma “amiga”.
A
noite de farra passou, o dia clareou e me senti muito mal. Fiquei pensando se
eu realmente gostava do namorado, se eu gostava de mim mesma, se aquilo era “normal” como tanta gente falava e
fazia.
Uma
outra voz dizia no meu interior: “Gente,
qual a necessidade disso?”.
Questionei-me
como era pouco autêntico estar com uma pessoa bacana e, na primeira
oportunidade, não zelar pela sua confiança, por todo o cuidado e afeto dela
para comigo, todo o tempo que ela dedicou ao nosso relacionamento. Senti-me mal
por trair minha consciência, minha essência, minha dignidade como mulher que nunca
quis ferir ninguém, mas que, por um ímpeto, manchou um laço em construção.
Também me senti péssima como filha de Deus, perguntando-me como olharia
novamente para aquele rapaz, meu namorado. Assim que o encontrei, contei tudo e
pedi perdão, já preparada para toda sorte de insultos que ele quisesse me
dizer.
Para
minha surpresa, ele me perdoou e pediu que continuássemos o relacionamento.
“Moço para casar”, logo pensei.
Com
esse episódio, porém, a confiança que havia sido quebrada não se retomou, e o
namoro acabou pouco depois. Na verdade, acabou no momento em que eu decidi
trair a minha essência, a ele e aos valores que aprendi.
Fui traída
Também
já fui traída. Descobri pelo falecido Orkut (num episódio vexatório em praça
pública, ou melhor, para o mundo ver).
Em
um dia, após trabalhar muito num evento, meus colegas, em rodinha, riam de
vários perfis naquela rede. Não sei por que cargas d’água tive um ímpeto de
procurar pelo nome do namoradinho no campo de busca.
Para
minha surpresa, o digníssimo, que me dizia nem participar dessa rede social,
tinha não só perfil, mas várias fotos de casal com uma moça, que não era eu. Eu
até a conhecia, inclusive!
Pensem
numa pessoa humilhada! Com o coração partido, a léguas de distância, fui tirar
satisfações e recebi como resposta que a moça era uma amiga. Desde quando amigo
posta foto de beijo na boca? Meu mundo caiu. Era namoro firme, com todo o
protocolo de se conhecer família de ambos, planos enfim.
Vida que seguiu, cada um para um lado
Eu
perdoei e amadureci muito de lá pra cá. Tive outros namorados. Um bom tempo
depois, conheci o homem com quem estou casada há mais de quatro anos. Estamos
bem felizes, obrigada!
Respeito e confiança são a base de
qualquer relacionamento
Aos
poucos, ou na marra, aprendemos que, na verdade, a pessoa que você traiu talvez
nunca saiba da sua traição se você não contar. Mas e você, consegue esquecer-se
de si? Consegue ser imune ao sentimento de desonestidade para com o outro e
fingir que nada aconteceu? Pode parecer bobagem, mas o problema não está só em
omitir do outro uma traição, mas sim o que uma traição faz na sua cabeça,
confundindo seus sentimentos.
No
filme ‘A Paixão de Cristo’, a tormenta de Judas pós-traição é retratada por uma
grande confusão. É assim que eu me via nas duas situações de minha vida que
relatei, quando traí e quando fui traída.
Amar
é decisão, não é complicação nem pode nos tirar a paz.
Exige
renúncia, escolha e mudança de vida.
Ora,
não é possível ter todos os homens do mundo! No namoro, o que se treina é a
fidelidade.
Conheço
bem essa história de “quando eu casar,
vou parar de trair”. Balela! Se você não conseguiu ser fiel antes do altar,
se não dedicou tempo, mente e coração para renunciar às tentações de estar com
outras pessoas, como irá se dedicar só a uma após o casamento?
Nossas
virtudes e valores não são uma chave liga/desliga, mas exigem lapidação,
cuidado e exercício diário.
Sempre
haverá um homem mais bonito, mais inteligente, mais rico, mais interessante que
aquele com quem você escolheu estar. Mas é preciso maturidade para entender que
nenhum outro homem do mundo tem a história que vocês construíram.
Cuidado!
A tentação é astuta. Já repararam que sempre que um casal briga pode vir à
mente a lembrança de relacionamentos anteriores, em momentos felizes? Não se
engane, pois se o relacionamento acabou, teve motivos para isso e não seria um “mar de rosas” como a tentação pode vir
a fazê-lo delirar. Em vez de lamuriar que você viveu momentos felizes com algum
ex-namorado ou começar a pensar que vai viver a felicidade plena traindo, gaste
essa mesma energia pensando em formas de cuidar do seu relacionamento, o qual,
por livre escolha, você quis assumir. Ou escolha deixar essa pessoa livre, para
conhecer alguém que realmente cuide dela. Todos nós merecemos estar com alguém
que vale a pena e sentir que valemos muito para esse alguém!
Não
vale a pena jogar uma história, uma vida a dois para o alto, por um desejo
momentâneo. Vale?