Vou
andando do meu jeito, visto que viver é emergente, eu quero mais é quebrar
tabus, arregaçar as mangas, abrir as portas e soltar todos os meus vocábulos
junto com o meu coração.
Quero
é dizer do que gosto, de quem gosto. Repetir a dose, exagerar no gole, não
fazer corpo mole e assumir meus sentimentos.
Quero
que se dane a formalidade que me exige andar de salto alto, corpo ereto, copos,
talheres e pratos no mesmo alinhamento. Quero mesmo é dar adeus à frescura que
me deixa entalada na roupa de festa e me faz beber vinho em pequenos goles,
para não entornar. Que me exige dar risadinhas no canto da boca e fazer poses
para ficar bem na foto.
Quero
sai por aí. Andar descalça. Cumprimentar os passarinhos. Sorrir para as flores
e gargalhar com as crianças. Quero falar de amor para que todos possam ouvir.
Ter liberdade de ficar em silêncio. Falar quando for necessário. Aconselhar meu
coração. Sonhar com dias melhores. Cantar sem rima. Escrever sem motivos.
Chorar sem razão. Amar sem restrição.
Romper
o óbvio. Sair do prumo. Soltar o remo e navegar. Colher flores para dar de
presentes. Tricotar verdades. Descartar as mentiras. Dizer bye bye para a tristeza. Não ser levada a sério. Não servir de
exemplo. Não dar conselhos. Quero acordar na lua. Tocar o céu. Passear pelas
nuvens, pelo menos nos sonhos.
Quero
um dia maior para viver com vontade. Um coração mais largo para caber tanto
amor. Por favor, não me fale de regras, técnicas, normas. Perdi essa aula por
pura teimosia.
Quero
viver, aventurando-me na ousadia de fazer um belíssimo espetáculo, sem nenhum
script. Sem nenhum diretor que me exija tanta disciplina. Quero é suportar
minhas loucuras e me completar com o resto de alegria possível.
Ita
Portugal