Se
o amor da minha vida não chegar, vou publicar todos os meus casos de amor. Em
de-ta-lhes. E vão ser vários. Vou chorar pitangas com as amigas, fazer
brigadeiro, depois vou pra academia e pintar o cabelo de loiro. Vou odiar tanto
a cagada que o cabeleireiro fez que nem vai dar tempo de lembrar quem era esse
otário que me fez chorar. Vou fazer hidratação e vou voltar a ter meu cabelo
castanho de sempre, só que com um pouco menos de brilho porque não há cabelo
que sustente uma água oxigenada. Vou comprar batons de várias cores chamativas
e misturar com roupas de cores diferentes. Até azul eu vou comprar. Vai que eu
resolvo me fantasiar de alguma coisa...
Vou
alugar um apartamento só meu. E vou pintar uma das paredes de vermelho. Vou
começar a decorar pelos quadros. Vão ser fotos do Oprisco por todos os lados. E
fotos das minhas diversões ao longo da vida. Eu vou ter uma cama de casal pra
poder levar quem eu quiser. E o lençol tem que ser branco. Não vou precisar
decidir se vou casar ou comprar uma bicicleta. Eu vou comprar uma bicicleta e
pronto. Minha casa sempre vai ter gente, mas alguns dias eu vou preferir ficar
sozinha lendo um livro e tomando um bom vinho. Em outras noites vou tomar leite
com Nescau vestida com meu casaco de lã. Vou ver “Como perder um homem em 10 dias” pela décima vez e dormir antes de
chegar o final, que é a parte mais previsível. Outras noites eu vou ficar no
Redbull porque vou ter alguns textos para entregar e outros para decorar. Vou
chegar sempre por volta das 23h, porque eu vou estar envolvida em vários
projetos artísticos e sempre envolvida com várias pessoas. A noite é feita para
aqueles que ainda não encontraram o amor da vida, então eles vão distribuir
esse amor com um monte de gente por aí. Vou continuar tendo meus inúmeros
casinhos, mas sempre vai ter um que tira minha noite de sono, seja rolando na
cama ou porque estou desabafando sobre ele com uma amiga ou com o Word. Depois vai passar e eu vou me
apaixonar de novo e de novo. E eu não vou ter problema em conhecer outro cara
incrível em uma viagem que eu fizer sozinha, porque meu coração vai ser só meu.
Eu
vou viajar quinta à noite sem avisar ninguém (só meu chefe), porque um amigo
conseguiu alugar uma casa aqui pertinho. Eu vou juntar grana, fazer um mochilão
pela América Latina, porque Europa já tá batido, por mais que eu nunca tenha
conhecido a Europa. Eu vou querer me mudar pra Ásia quando eu conhecer o cara
dos meus sonhos que vai se mudar pra lá. Vou fazer todos os planos, até que um
dia, sem querer, eu vou ter uma noite maravilhosa com outro rapaz e aí a Ásia
pode ficar pra depois.
Todos
os dias vão ser diferentes porque nunca fui muito de rotina. Sexta eu vou
chamar minhas amigas pra fazer uma comida diferente em casa enquanto a gente
espera a cerveja gelar. Domingo eu vou fazer um almoço para aqueles que eu mais
gosto, depois vou ao cinema assistir um filme cult que eu não entenda nada. Em
outro fim de semana eu vou sair pra dançar, tomar uns drinks diferentes e
voltar pra casa sozinha, mas com o coração cheio, porque sair só pra dançar é
uma das coisas que me deixam mais completa. Por mais que nenhum cara acredite,
uma das coisas que as mulheres mais gostam de fazer é sair SÓ pra dançar. A
gente gosta de se sentir bonita, viva, feliz e desejada, mas isso não quer
dizer que queremos sair de lá com um cara qualquer. Um cara qualquer não
substitui a felicidade de dormir sozinha até meio dia porque passou a noite
dançando suas músicas preferidas junto com suas amigas preferidas. Isso também
não quer dizer que a gente não ligue para sexo. Até porque eu ligo bastante.
Mas entre sexo meia boca e uma boa noitada suando a camiseta, eu fico com a
segunda opção. É muito bom se sentir desejada, mas ao mesmo tempo não sentir desejo
por ninguém.
Em
outros fins de semana eu vou pra praia cedinho, vou fazer suco verde e fingir
pra mim mesma que agora eu virei saudável. E já que um grupo de amigos legais é
tudo que uma pessoa solteira precisa, é com eles que vou dividir meus dias, por
mais que todos comecem a se casar. Vou estudar fora. Em qualquer lugar que
pintar uma oportunidade de fazer arte. Depois vou passar um tempo morando em
San Francisco, porque dizem que lá é a minha cara e eu quero me entupir de
conhecimento, cerveja e de pessoas que aquecem o coração.
Enfim,
vou descobrir que de nada vale encontrar o amor da vida se eu não viver o
melhor da vida comigo mesma. Então, se ele não chegar, eu vou viver minha vida
como eu sempre vivi, sem esperar um feliz para sempre e investindo no feliz
agora. Vai ter espaço pra muito amor, por mais que eu me sinta sozinha alguns
dias, por mais que me olhem com cara de pena, por mais que achem que eu me
envolva com várias pessoas para preencher esse vazio. Mas não tem vazio nenhum,
é só muito amor pra dar e pouca vida pra ser desperdiçada.
E
se por um acaso isso de amor da vida existir, eu vou saber quando ele chegar
porque eu não vou precisar abrir mão de nada disso.
Via: Obvious