“O
tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo
que tem o tempo que o tempo tem.”
Quanta
verdade existe nesse pequeno trava-línguas! Quanto tempo o tempo tem? Se
estamos ansiosos à espera de algo ou passando por um momento difícil, o tempo
parece se arrastar. Tenho a certeza de que o relógio enlouquece nessas horas e
se confunde todo: cada minuto passa a ter mais 60 minutos e os ponteiros se
deslocam preguiçosamente em um giro lento e irritante.
Mas
se vivemos um bom momento... Aí, o tempo corre e brinca de pega-pega com a
felicidade. É sempre muito mais curto do que desejamos. Foge, corre, passa,
ganha asas, voa. Afinal nunca se tem tempo demais para ser feliz.
E
na correria do dia a dia, com as tantas atribuições e atividades da vida moderna,
com os tantos desejos de “ter”,
recheamos o nosso tempo de obrigações e deixamos de lado o nosso tempo de
viver. Aquele tempo de ser livre, de estar com quem se ama e onde desejar. O
tempo de curtir a paisagem, de sentir o sol ou de aproveitar a preguiça dos
dias de chuva. O tempo de apertar mais forte a pequena mãozinha do filho, que
em pouco tempo vai querer deixar a sua de lado para seguir sozinho. O tempo de “ter” sufoca o nosso tempo de “ser” e rouba de nós as lembranças que
não foram construídas, os sonhos que não foram vividos, os filhos que não vimos
crescer e a vida que gostaríamos de ter vivido.
Mas,
calma! Não é preciso parar o tempo! É preciso apenas dar a ele a importância
que ele tem. É preciso priorizar a felicidade. Porque, no final, ainda que
possamos ter essa impressão, a vida nunca é mais longa ou mais curta do que
deveria ser. É só uma questão de saber viver, de conhecer aquilo que te faz
feliz, de aproveitar o tempo até senti-lo parar, como se não houvesse nesse
mundo nada além daquele instante de felicidade. Porque, no final das contas, o
tempo sempre tem o tempo que o tempo tem.