Estranho
tempo em que temos tantos aparelhos para ganhar tempo,
e
não temos tempo para contemplar o simples, o que é belo...
Estranho
tempo em que pessoas decidem levar vantagens sobre as outras,
e
dizem que se amam, que se respeitam...
Estranho
tempo onde a estação de frio tem calor, e na de calor esfria.
E
as pessoas acham tudo lindo, de acordo com suas conveniências.
Estranho
tempo onde as mentiras parecem verdades absolutas,
e
muitas verdades já são consideradas mentiras.
Estranho
tempo onde se diz “eu te amo” com
tanta facilidade,
que
as vezes não dura dois cliques do velho mouse...
Estranho
tempo onde ser feliz é “possuir”, é o
“ter”,
até
a dor nos visitar e lembrar-nos que é preciso “ser”.
Estranho
tempo onde não conversamos, teclamos.
Já
não fazemos amor, sensualizamos.
Já
não nos beijamos apaixonadamente, trocamos de boca.
Já
não temos tempo para um banho demorado, nos lavamos.
E
no meio de tantos desencontros, almas aflitas gritam,
no
meio da depressão que nos consome, buscam carinho.
Carinho
que se perdeu na troca fria de mensagens,
que
hoje já não valem mais nada.
Estranho
tempo, onde temos saudades do que ainda não vivemos.
Paulo
Roberto Gaefke