Se
olharmos à nossa volta, teremos uma visão pouco otimista sobre a vida, uma vez
que muita gente sem caráter vive em meio ao luxo e à riqueza. Duvidaremos, de
início, da máxima que diz ser o tempo implacável na colheita do que cada um
semeia, afinal, tem muita gente que semeia discórdia, porém, não parece colher
tempestade alguma, muito pelo contrário.
Isso
ocorre porque nossa sociedade supervaloriza as aparências, as conquistas
materiais e tudo o que se pode consumir. Relacionamos automaticamente o poder
de compra de uma pessoa ao seu grau de felicidade, ou seja, revolta-nos, por
exemplo, políticos corruptos desfrutando de dinheiro público impunemente. E,
mesmo no nosso convívio social, não entendemos algumas pessoas fúteis e
mesquinhas vivendo em luxuoso conforto material.
Na
verdade, porém, pouco ou nada sabemos sobre o que acontece na vida particular
de cada um, tampouco sobre o quanto estão lutando contra a própria consciência,
porque é quase impossível concebermos que alguém possa dormir tranquilamente,
por exemplo, enquanto desvia dinheiro público da educação ou da saúde. Nem
imaginamos como uma pessoa consegue tentar ferrar com a vida de alguém e seguir
tranquilamente orando aos domingos.
Mesmo
que pareçam se tratar de maldades impunes, tais pessoas não devem conseguir se
olhar no espelho sem um mínimo de vergonha, não podem se sentir bem o tempo
todo, sem que a culpa lhes assombre os pensamentos, mesmo que por alguns
instantes, a não ser que sejam psicopatas. A punição, às vezes, implica ter que
seguir com o peso do que se destruiu, vivendo uma tempestade íntima e
interminável. Ninguém vê ou percebe, mas a pessoa há de sofrer dentro de si.
Ainda
que se diga o contrário, o mundo não é dos espertos coisa nenhuma, a não ser
apenas o que se relaciona àquilo que se compra, mas ninguém leva consigo,
dentro do coração. Como diz Chico Xavier, o mundo é dos honestos, que
engrandecem o mundo, tocando a vida das pessoas no que elas possuem de melhor.
E é essa grandeza que fica, é essa grandeza que se leva, porque ilumina, cura,
multiplica-se e salva. E se eterniza. E ponto.
Marcel Camargo
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