Acredito
que as relações amorosas sejam como vasos. Quando nos relacionamos com alguém,
é como se dividíssemos a função de cuidar de um vaso, muito valioso, que
representa a relação em si. Um dia, pelo descuido de um ou de outro, ou ainda
dos dois, o vaso se quebra e sobram apenas cacos. Se tentarmos colar os cacos,
por mais que o trabalho fique perfeito, haverá sempre as marcas daquilo que um
dia se destruiu. Ao olhar para aquelas trincas, para aquele vaso colado,
eternamente nos lembraremos da dor que foi vê-lo em pedaços.
O
nosso grande erro está em tentar remendar o que se quebrou, vasos se quebram,
relações se quebram – o que fica é o aprendizado por termos sido descuidados,
por termos dado pouca importância ao que é mais valioso (sim, sinto lhes informar,
mas nada é mais valioso do que o amor).
Então
vocês vão me perguntar: O que fazer? Vou jogando fora os cacos de cada relação
quebrada e saio procurando outra relação, e outra, e outra? Não é exatamente
isso que fazemos hoje em dia, e que tem nos tornado individualistas e
solitários? Pois é, é exatamente nesse passo que erramos. As pessoas desistem
dos relacionamentos no primeiro acidente de percurso e, ao invés de
reconstruírem juntas um novo vaso, elas escolhem as outras duas opções erradas:
ou colam os cacos e vivem o inferno de relembrar para sempre os seus erros e os
do outro; ou desistem da relação e partem para outra. Ambas as opções são
ruins: a primeira porque mostra incapacidade de perdoar e a segunda porque
antes de partir é preciso tentar. Além do mais, será que emocionalmente é
saudável que troquemos tanto de parceiros? Eu penso que não. O mais adequado e
saudável é exercitar o perdão e acreditar que as quedas existem não apenas para
que o vaso se quebre, mas principalmente para que possamos aprender formas mais
adequadas de cuidar dele.
Não
sou favorável a insistir em relações desgastadas, nas quais infinitos vasos já
se quebraram, estou apenas refletindo sobre a importância de tentar, de
persistir. Antes de desistir, pergunte-se se você já tentou jogar fora os
velhos cacos e se dispôs a construiu um vaso novo – e por que não com o mesmo
parceiro? Lembro-me de um texto no qual o autor conta que já se divorciou umas
três vezes e se casou outras três - só que com a mesma mulher; ele conta ainda
que a esposa deva ter se separado dele umas cinco, mas voltaram e construíram
novos casamentos (novos vasos). A ideia é essa. Ao longo da vida, vamos
crescendo, amadurecendo e, talvez por isso tenhamos que quebrar velhos vasos e
construir outros, maiores, melhores.
Não
nascemos para viver sozinhos, O individualismo instalado na sociedade atual é
uma espécie de doença. Ao ter em mãos uma relação, cuide dela como a mais
sagrada das joias e a reconstrua quantas vezes for necessário. Talvez esse seja
o segredo dos casais felizes.
Via: Obvious
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