Pouca
gente há de concordar. É assim mesmo. Mas eu tenho a impressão de que as
pessoas que ficam juntas por amor deviam ter mais amor ainda quando por acaso
se separam.
Se
você esperneia, briga, bate, empurra, morde, grita, acusa, faz chantagem quando
o outro decide partir, desculpe, mas é das duas uma: ou você nunca sentiu amor
por essa pessoa ou não tem o menor respeito pelo amor que um dia sentiu.
No
primeiro caso, quem não aceita um rompimento assina um atestado de culpa: “o que me uniu um dia a quem agora quer
partir foi a minha sanha de posse, minha vaidade, minha conveniência, meu medo
de ficar só e de parecer um fracasso amoroso para os outros. Foi o meu egoísmo.
Tudo menos o meu amor”.
Já
na segunda hipótese, quem um dia amou alguém de verdade não devia recusar o
direito que essa pessoa tem de partir se o amor acabar. Quem não aceita a
decisão daquele que um dia amou não tem o menor respeito nem pelo outro nem pelo
amor como sentimento. É uma porcaria de um amante. Um péssimo ser humano. Quem
ama alguém de verdade é capaz de deixá-lo dar no pé em paz se essa for a
vontade do outro.
Você
pode até argumentar: “ah, mas e quando o
outro trai, engana, mente e depois inventa de se separar na maior cara de pau?”.
E eu também pergunto: quem em sã consciência quer a seu lado alguém que trai,
engana e mente? Separe-se logo! Tenha amor próprio, criatura! Iniciativa!
Separe-se e agradeça. Se o outro, aquele que trai, engana e mente, mudar de
ideia e não aceitar a separação, vá à polícia! Porque manter alguém preso a um
casamento ou a um namoro falido é cárcere privado. Crime! Relações amorosas
estendidas à força se tornam relacionamentos odiosos. Deus nos livre desse
terror.
É
claro que a gente não se casa já pensando em se separar. Não começa um namoro
com a intenção de terminar assim que puder. Mas quem não sabe se separar não
devia se aproximar de ninguém. A consciência de que o romance pode acabar faz
bem. Ajuda o casal a valorizar o que tem, evita desmazelos, descuidos,
esquecimentos. Exercita o cuidado que um deve ter com o outro. Fortalece o
amor. Quem tem respeito pelo amor compreende quando ele acaba e aceita quando
não há a possibilidade de recomeçá-lo com a mesma pessoa. Infelizmente, pouca
gente aprendeu a se separar.
Por
outro lado, há inúmeros casais que se separam e mantêm uma relação saudável
para comprovar: pode ser difícil, mas é possível. A gente aprende. Nesse caso é
preciso ser radical: depois da separação, que venha a compreensão total ou a
indiferença absoluta! Não há espaço para meio termo. Se você se separa e deseja
ou precisa interagir de alguma forma com seu ‘ex-amor’, sobretudo quando
existem os filhos, que seja com a mais generosa disposição de compreender e
aceitar que o outro tem uma vida nova, com amores novos, ou que não seja nada!
Para
continuarem a conviver de alguma forma, os casais que deixam de ser casais
precisam compreender e aceitar o outro sem restrições ou nunca mais se
importarem. Aceite em totalidade ou seja totalmente indiferente a quem você
amou um dia. Conforme-se que tudo mudou ou siga em frente e esqueça que a
pessoa existe. Vá cuidar da sua vida. Porque a vida segue, minha gente.
Separar-se
é um gesto de amor. Amor próprio e ao outro. Amor generoso, imenso, sabedor de
que a vida é uma só e a gente precisa melhorá-la como puder. Juntos! No
encontro e na despedida. Na união e na separação.
Sei
lá. Eu só acho que quem fica junto por amor devia ter muito amor na hora de se
separar também.
Via: Conti Outra